sábado, 9 de agosto de 2008

Com o único propósito, de analisar isso depois

(e rir,talvez....)





54 dias
102 dias
e 137 dias !

terça-feira, 22 de julho de 2008

(Ele sempre supreeende)

Eram meras questões de minutos. E o encontro dos namorados mais parecia um duelo de ciúmes.
— Você chega sempre atrasado.
— É, sei. E ontem, quem é que ficou aqui esperando, que nem um pateta?
— Ah, eu só atrasei dois minutos. Hoje você atrasou dez.
— Você é que chegou adiantada. Mas deixa que qualquer desses dias eu descubro o que você tanto faz, que nunca chega na hora certa.
E as discussões se sucediam, sem pé nem cabeça. Mas ciúmes são cegos como o próprio amor. São sentimentos mesquinhos, minuciosos, não esquecem a insignificância dos mínimos segundos. As batidas do coração jamais deveriam se escravizar aos tiquetaques desencontrados de dois relógios diferentes.A verdade, porém, é que eram ambos loucos, um pelo outro, e seus corações acabavam por se entender, num ritmo comum de compreensão. E as hostilidades descansavam invariavelmente em beijinhos e mil perdões.
— Desculpe, viu, amor?
— Que nada, meu bem, a culpa foi toda minha.
— Não, eu é que fiquei nervosa.
— Deixa disso, eu banquei o bruto.
Por pouco não voltavam a discutir.Assim correram muitos meses e muitas, muitas brigas, e os dois não chegavam a um acordo. Mas a vida tem dessas coisas. Quando se dá conta, a felicidade já é irremediavelmente retrato na parede, cartinha na gaveta, passando.Alguns anos mais tarde, ela se casava com um rapaz bonito, tipo galã da Metro. Viveram em harmonia, sem brigas, sem discussões, talvez por falta de imaginação do atlético marido.Por outro lado, o antigo namorado da adolescência não tardou a se apaixonar pelo lindo dote de uma mocinha que era um tesouro, filha de próspero industrial. Embora se tratasse de uma menina meio café-com-leite, sua herança lhe dava um quê de exótico. Alimentava por ela uma intensa, excêntrica paixão, enquanto que o bonachão rodava com seu Rolls-Royce, jogava em Monte Carlo e repousava em seu iate transatlântico. E numa atitude de misericórdia, suportava, geralmente, como um senhor onipotente, os carinhos milionários da esposa.Muito tempo depois, porém, por um desses acasos que só o destino sabe explicar, os dois antigos namorados se encontravam nas areias de Copacabana, que é a praia onde todos vão. Já não eram os mesmos. Ele parecia carregar os milhões matrimoniais na respeitável barriga. Ela continuava encantadora, mas apenas na medida que possa encantar uma mulher de cinqüenta anos. Conversaram pouco, o silêncio disse mais. E voltaram a se encontrar, com mais freqüência e menos acaso. Já eram, no entanto, velhos demais para as inflamadas e inúteis discussões dos dezessete anos. Caminhavam calmamente pela areia molhada, mão na mão, por mais ridículo que possa parecer para a sua idade. Caminhavam sem rumo, sem tempo, sem horizonte. E quando se voltavam, sentiam a nostalgia da vida perdida em poucos minutos.



Chico Buarque de Hollanda.

sábado, 5 de julho de 2008

No clima

Mulher sem razão
(Cazuza)



Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Ao cair da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio

Pára de fingir que não repara
Nas verdades que eu te falo
Dê um pouco de atenção

Parta, pegue um avião, reparta
Sonhar só não dá em nada
É uma festa na prisão

Nosso tempo é bom
E nem vemos de montão
Deixa eu te levar então
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto

Ouve o teu coração
Ao cair da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Bala

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- OUTRA CONVERSA -
-ENTRE RUDY E LIESEL-
Ande logo, Saumensch, já foram dez.
- Não foram, foram só oito, ainda tenho mais duas.
- Bom, então ande depressa. Eu disse que a gente devia ter pegado uma faca e cortado ela ao meio... Ande, já foram duas.
- Está bem. Tome. E não engula.
- Eu lhe pareço um idiota?
[Uma pequena pausa]
- É o máximo, não é?
- Com certeza, Saumensch.
.

cabelos cor de limão !

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"O menino do avião, pensei.O do ursinho de pelúcia.Onde estava o consolo de Rudy? Onde haveria alguém para aliviar esse roubo de sua vida? Quem o reconfortaria, ao se puxar o tapete debaixo de seus pés adormecidos?Ninguém.Havia apenas eu.E não sou muito boa nessa história de consolar, especialmente quando tenho as mãos frias e a cama é quente.Carreguei-o com delicadeza pela rua destroçada, com sal nos olhos e o coração mortalmente pesado.Observei por um instante o conteúdo de sua alma, e vi um menino pintado de preto, gritando o nome de Jesse Owens ao cruzar uma fila de chegada imaginária.Vi-o afundado até os quadris em água gelada, persseguindo um livro, e vi um garoto deitado na cama, imaginando que gosto teria um beijo de sua gloriosa vizinha do lado.Ele mexe comigo, esse garoto.Sempre.É sua única desvantagem.Ele pisoteia meu coração.ele me faz chorar. "

sexta-feira, 20 de junho de 2008

(Imbativel )

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Quando o meu bem-querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos o umbrais

E quando o seu bem-querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com
Juras, juras, juras imorais

E quando o meu bem-querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais

E quando o seu bem-querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais

E quando o meu bem-querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria dos animais

E quando o seu bem-querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás

( "Tamainho" )

Chegue logo
demore não
Ta findando meu sorvete
chegue ainda essa noite,
guardo a casquinha pra você

Se for por sorte
a lua é grande
mesmo no escuro "nóis" se vê
se tiver frio,não se incomode
meus braços vão te sorver...